Tern GSD | teste

Não podes ver a tua nova bicicleta de carga vazia. Sem nada mesmo. Só tu, as tuas pernas e a máquina. Não... Tens logo aquela vontade de encher e aproveitar ao máximo a capacidade nem que seja só para justificar os 4 mil e tal que gastaste nela.





Aproveitei a deixa da Val sobre termos de comprar um aspirador novo para testar a GSD no terreno. 
Já tinha a experiência de outras bicicletas de carga e por não termos carro há mais de 7 anos, a nossa vida moldou-se em torno destes veículos e outras opções como os transportes, taxi, uber, carros alugados etc. Por isso este teste parte de quem já tem um bom nível de experiência no desenrasca.  


 E começa logo por aí. A GSD não é para todos obviamente. Nem para todas as necessidades. É uma bicicleta pesada, 27kgs sem acessórios e cerca de 35kgs com cadeira de criança, alforges e o Sidekick para os pés, tudo essencial para se tirar o mínimo proveito dela. Por isso mesmo que tenhas elevador, que por si só é um dos grandes trunfos desta bicicleta em relação a todas as outras eléctricas de carga, se tiveres que subir mais do que dois degraus em alguma circunstância todos os dias, pode não ser o ideal para ti. A não ser que a queiras muito (como eu!). E eu tenho 7 degraus malditos para a porta do prédio. Sou pessoa para mudar de casa só por causa disso :))) 


 Sem dificuldades a entrar. Como sempre aproveitar ao máximo a diagonal. A cadeira dificulta um pouco, mas é esta em específico da Bobike, mais volumosa e alta. As Yepp, recomendadas pela marca são menos volumosas. Mas gosto mais da Exclusive Tour mais confortável e com abas laterais para encostar a cabeça quando adormece. Também a podes tirar, basta puxar dois botões, mas no meu caso não precisei. Depois de colocar a bicicleta rapidamente peguei no filhote e entrei. Ele tem 1 ano e meio. Já está mais "calminho". Com menos idade pode ser mais complexo eles ficarem quietos à espera. 


Como a Tern ainda não tem o Seat Pad, um banquinho de napa e espuma com muita qualidade da Tern, tive de improvisar com uma almofada de cadeira, pouco confortável ao fim de uns minutos, mas o suficiente para esta primeira volta. 



É muito fácil a logística com filhos. Normalmente nesta sequência: parar, sair da bicicleta, colocar o descanso, bloquear com os cadeados, tirar os capacetes, depois os cintos, colocá-los no chão e seguir. 


SEGURANÇA


É a parte mais chata de se falar mas tem de ser, por isso fica já despachado. Se ficarias doido com a tua bicicleta de 500€ com esta serias internado, no mínimo. Por isso esquece tudo e compra isto: dois KRYPTONITE, com segurança a partir dos 6/10. A apanhar o quadro em duas zonas. Para a roda da frente (aperto rápido) há bloqueadores de roda da Abus e também da Kryptonite.
Ainda tens o espigão de selim que tem dois apertos rápidos, mas um pequeno hack no parafuso, bloqueia e dificulta o roubo.

E o resto?
O resto deixas à sorte. E ao bom senso. Por exemplo nesta volta, apenas levei a maquina fotográfica que tinha nos alforges. Tudo o resto (mala dele, agua, compras) deixei. Tal como aconteceria se fosse num carro. Não vale a pena tentar controlar tudo. Deixas tudo fechadinho e pronto. Se tentarem roubar ou vandalizar, paciência. A probabilidade de isso acontecer pode ser maior do que num carro claro, mas é apenas isso, uma probabilidade. Também te podem fazer um risco de uma ponta a outra no carro e isso é um balúrdio para reparar. O importante é salvaguardar o essencial. Quadro, rodas, bateria (que tem chave própria)





O aspirador e outras compras tiveram de ser divididas. A caixa dobrei para ser mais facil. É importante guardar para o caso de ter de devolver. Isso não foi problema para os alforges da GSD, Claro que o suporte frontal Transporteur Rack agora tinha facilitado e economizado tempo. Mas é mais um acessório que tarda em chegar :/


Cadeiras de criança e alforges nunca foram grandes amigos. Não é excepção na GSD. Para uma cadeira ainda se consegue fechar o alforge, duas já não. Para os bancos almofadados funciona na perfeição. Mas estes alforges são mais inteligentes e as correias podem prender por dentro ficando tudo a mostra, mas seguro. Nos dias de chuva seria mais chato, mas lá está, não podemos agora querer esquematizar e prever tudo. Há que viver, quando o tempo mau chegar logo se vê. Preocupa-te agora é com lugares à sombra :))
E não esquecer que ainda há a da opção do suporte frontal.


A Val não a quis levar e sentou-se atrás podendo segurar numa pega especial que o selim tem. Mas nem precisou, a relativamente baixa velocidade juntamente com uma maior aproximação ao chão por por causa tamanho da roda ajudam bastante e o equilíbrio é natural e com muito boa sensação de segurança. Ainda levou sacos de compras nas mãos enquanto apreciava a viagem.




PERFORMANCE

Claro que escolhi os piores caminhos na volta. Para lá foi normal para surpreender ao máximo a Val, jogada típica de vendedor. Apanhei alguns buracos, lombas e uma subida grande de cerca de 7% de inclinação. Como era de se esperar porta-se lindamente, sem filmes com as 10 mudanças de cassete  ou os solavancos tradicionais de outros motores. Buracos deixam de existir com aquelas rodas/pneus e as subidas fazem-se sem esforço e sem transpirar, atenção que foi no 2/8/2017, quando as temperaturas atingiram mais de 40º, embora aquela hora estivessem cerca de 32º.
Esta GSD tem o melhor motor da Bosch, o Performance (embora já exista o Performance CX com um pouco mais de torque) O arranque é muito suave, não tens de mudar para uma mudança baixa antes de parar para depois conseguires arrancar com aquele peso todo. A assistência ao motor que tem relação com as mudanças (eventualmente através da tensão da corrente) dá-te a mesma sensação de conduzir uma mota mas melhor, porque é bem mais leve. É só sentar, ligar o motor no lcd e arrancar. Ele tem vários modos de potência que mudas no lcd. Não vou colocar aqui mais detalhes sobre as características da GSD porque isto é um teste prático, hei-de fazer outro post com aquelas fotos bonitinhas de todos os detalhes dela e características.

O peso carregado 
Eu - 60kgs
Val - 60kgs (não ia mentir, sorry babe!)
Lucas - 11kgs
Compras - aprox 20kgs
Cadeira criança - 5kgs
Alforges  - 2kgs
GSD - 27kgs
Apoio de pés - 1kg
Total 186kgs


A chegada sem stress, sim tem tenho uma escadaria grande à frente, mas também posso estacionar mesmo à porta. E basta descarregar tudo primeiro para aliviar novamente para os cerca de 35kgs. Aceitável para quando realmente é necessário transportar cargas, não tenho bem a certeza para todos os dias em que vai vazia. Ter acesso à garagem (mesmo que não se tenha lugar lá) pode ser factor decisivo. No meu caso pessoal, a GSD serve para este tipo de situações: compras, viagens longas, ir à praia, etc. Para uma rotina diária casa-trabalho (30kms) combinando transportes como o comboio, tenho de usar sempre uma minivelo ou dobrável.


EM CASA



A GSD ocupa muito pouco espaço em casa. Não esquecer que tem o tamanho de uma bicicleta de roda 26 ou 28.  Há 3 partes que ajudam a optimizar o espaço, o espigão Physis 3D dobrável, o espigão de selim especial que recolhe totalmente e o rack traseiro cujo os tubos terminam em 4 pontos com borracha onde ela assenta na vertical. Apesar de ser muito estável, muito cuidado com crianças em casa. No meu caso ela tem de estar com as patas no chão.




NOTAS FINAIS

Na minha opinião a GSD é um veículo independente, que substitui o automóvel em 99% das situações. Os restantes 1%, como ir de fim de semana para a Nazaré, ou de férias para o Algarve alugas um carro que permita levar a GSD. Eu já o faço e vou fazer também com a GSD. Hoje em dia é muito barato e são trocos comparado com o que gastas anualmente com carro próprio e que podes ter uma noção usando esta calculadora
E não esquecendo que ocupando o espaço de uma bicicleta de roda 26/28 podes usar os Intercidades se não quiseres mesmo depender do automóvel.

A Val também experimentou. Foi logo muito intuitivo para ela com poucos conhecimentos em relação a bicicletas de carga. Lá está, o único senão para a Val seria ter de levantar a GSD para subir escadas ou elevador. Para mim já não é um problema impossível.






O único ponto negativo tem a ver com o natural peso de uma bicicleta de carga.
Não é um veículo fácil para conjugar com os transportes urbanos fora de Lisboa todos os dias nomeadamente comboio e metro, principalmente pelos acessos às plataformas (escadas, elevadores que podem estar avariados) mas dependendo da zona onde vives substitui perfeitamente esses transportes.
No meu caso prefiro ter a GSD e uma pequena bicicleta pequena sempre à mão como uma Tern ou Dahon dobrável para coisas rápidas e conjugar com transportes. No fundo a mesma lógica se em vez da GSD, tivesse um carro ou mota.



A GSD tem uma autonomia de cerca de 80/100 kms (ainda a testar, leva tempo) com a bateria de 400Wh que trás de origem. Podes adicionar mais uma de 400 ou 500 que já está disponível na loja online. Aconselho também a andar sempre com o carregador na mala.

A Tern conseguiu um produto único no mercado e percebe-se porquê, não só Joshua Hon o fundador, como a restante equipa, têm uma boa visão das necessidades do ciclista urbano porque eles todos são ciclistas urbanos e nunca pensam na bicicleta como veículo para desporto, que se percebe bem pelo vasto catálogo. É o que faz falta nos cargos que gerem as infraestruturas em Portugal (e também as marcas de bicicletas e componentes...)




A Tern GSD está disponível desde Julho em Cinza e Azul em quantidades muito limitadas. O tempo de espera pode ser de 1 mês ou mais, mas vai valer a pena, neste momento é a melhor bicicleta de carga tipo longtail que podes comprar. É também uma bicicleta muito premiada e valorizada um pouco por todo o mundo, tendo recebido recentemente a distinção máxima da revista Bicycling Magazine e prémios em feiras internacionais nomeadamente a Eurobike



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