Veli bike | 3 anos

A Veli só faz três aninhos neste Verão mas já há muito para contar!

Construir uma marca de bicicletas não é muito diferente do abrir uma loja de bicicletas. Há que conquistar fãs e para isso é preciso transparecer confiança, oferecendo qualidade nos produtos, garantias e uma boa imagem. A grande diferença a meu ver é a responsabilidade acrescida de que se alguma coisa correr mal com o produto não tens ninguém a quem recorrer a não ser tu mesmo. Tu é que o fizeste! Não satisfeitos com essa responsabilidade acrescida, decidiu-se em 2016 elevar a fasquia ao oferecer 5 anos de garantia no quadro e forqueta.

Ideia
Sempre dei preferência a bicicletas mais compactas e leves para uma utilização urbana. Se moras num apartamento, fazes deslocações curtas de cada vez que pegas na bicicleta e navegas pelo meio do trânsito denso da cidade, precisas de uma bicicleta leve, pequena e com poucas ou mesmo nenhumas mudanças. Até aqui tinhas duas soluções, ou montavas uma single speed ou fixie com a antiga bicicleta de estrada do teu avô, ou compravas uma dobrável. Eu tentei as duas.
Com o tempo fui percebendo as vantagens de cada uma. Mas também as desvantagens. Dei comigo a alternar de bicicleta constantemente, completamente indeciso e frustrado porque se numa tinha velocidade e leveza, na outra tinha um excelente arranque e controlo. O ideal era juntar as duas numa só. Mas isso não existia.... ou existia?

Investigação
Navegando pela interminável web, utilizando todos os termos e combinações que pudessem estar relacionados com o tema, descobri num site japonês um tipo de bicicleta diferente de tudo o que tinha visto até agora. Basicamente um quadro de estrada de adulto, mas com rodas pequenas (16 ou 20). Pesquisei mais e reparei que era uma bicicleta muito popular não só no Japão, mas nos países vizinhos. Descobri que no ocidente já havia qualquer coisa parecida, inclusive a italiana Bianchi tinha uma que vendia em exclusivo para esses mercados. O nome adoptado era "mini velo".
Não descansei enquanto não encontrasse um importador desse tipo de quadros. Era mesmo aquilo que eu queria. Juntar o desempenho de um quadro de estrada às vantagens de uma dobrável, mas sem as fragilidades normais desta.

Desenvolvimento
Depois de ter encontrado um fornecedor, pus mãos à obra. Montei um protótipo com 6 mudanças e guiador de corrida. Assim que pisei a estrada com ela nem queria acreditar como aquela combinação era tão explosiva. A velocidade, a facilidade de manobras e arranque, o controlo total acessível a qualquer pessoa menos experiente. A minha vontade era que todos experimentassem aquela bicicleta. Como é que ainda não havia nada disto na Europa?
Com o passar dos dias fui melhorando o protótipo. Tirei-lhe as velocidades, o guiador substitui por um bullhorn e substitui os pneus por uns topo de gama antifuro da Schwalbe.
Fiquei vidrado na máquina. Eu tinha de vender aquilo aqui. Liguei para o meu colega e amigo Aurélio ex-ceo da Órbita e pedi-lhe ajuda para apadrinhar o projecto. "Já andas a fazer bonecadas outra vez" dizia ele. "Isso não vai dar em nada"...
Fiquei ainda mais motivado. Ele sempre foi muito directo, mas mesmo dizendo que não a tudo eu sabia que ele ficava a pensar no assunto. Nunca chegou a fabricar os quadros mas forneceu-me todas as peças que eu precisava a custo de fábrica
Arrancamos com o projecto, com um micro investimento de cerca 3 mil euros para comprar alguns quadros e peças. Deu para pouco mais de meia dúzia de "mini velo's".
A nossa estrutura é muito simples, eu negoceio o material, monto a maioria delas, trato da fotografia tipo estúdio e o Chicarini faz a supervisão mecânica. A Val trata da promoção online e outros detalhes e o Mike do site oficial.
As primeiras fora construídas com 6 velocidades de carreto, guiador mtb ou city e pneus antifuro.
Não foi logo um sucesso, apesar da típica curiosidade. Aliás só começamos a vender mais a sério ao fim de 3/4 meses na época de Natal (2014)
Outra curiosidade: lançamos o produto sem nome, sem marca. Ficou conhecida como mini velo porque de facto é uma mini velo e não havia mais nenhuma em Portugal, mas isso é o tipo de bicicleta. Apenas baptizamos a menina no final de 2015, aquando a terceira edição dela, já com a configuração conhecida actualmente. O nome foi a junção de Velo com Lisboa, onde nasceu e onde é produzida.
Nesse ano também abandonamos os carretos e adoptamos definitivamente as mudanças de cubo porque é a solução perfeita para a cidade. Reduzidissima manutenção, silencioso, fácil afinação e esteticamente mais apelativo.
Nesse ano a Veli foi reconhecida e colocada a prova na Bike Magazine, a mais conhecida e vendida do país, onde teve uma excelente classificação, mesmo no meio das grandes máquinas que compõe normalmente essa revista.
2016 foi o grande ano, montamos 20 que vendemos todas, inclusive para fora do país e outras tantas para o ano seguinte. Não parece muito, mas nem imaginam a trabalheira que isto tudo dá e ainda conciliar com a rotina normal de uma loja de bicicletas com oficina e escola!

Futuro
Actualmente parou-se as montagens por falta de quadros no fornecedor. Aproveitámos para lançar um novo produto de edição limitada e com uma qualidade soberba de componentes.
Não sei o que que virá por aí, mas tenho a certeza de uma coisa, a marca Veli, apesar de estrutura artesanal tem evoluído exponencialmente e ideias em cima da mesa para novos projectos não faltam!

Podes encomendar uma Veli bike aqui na loja do blog ou através do site velibike.com

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