Vouguinha

O vouguinha é o comboio que circula pela ultima ferrovia métrica activa do país* A distância entre os carris (bitola) é precisamente 1000mm (ao contrário da restante bitola ibérica com 1668mm).

*nota ainda existe outra linha de bitola métrica mas é para eléctrico, em Sintra.

Esta curta distância tem muitas vantagens em terrenos mais complexos como vales e montanhas porque permite uma maior curvatura na linha, menos necessidade de espaço, comboios mais estreitos, túneis pequenos. Foi portanto a solução perfeita para o Vale do Vouga no inicio do século XX, tal como para outras zonas a norte. 

1 metro de largura.

A linha sofre do mesmo problema das outras entretanto desactivadas e transformadas em ecopistas (Tua, Corgo, Sabor, Tâmega, Dão) abandono, falta de investimento, de interesse e por isso parte dela também já foi desactivada. 
A linha ligava Espinho a Viseu e com o ramal de Aveiro - Sernada do Vouga a complementar. Actualmente termina em Oliveira de Azeméis. O Ramal de Aveiro entretanto foi requalificado em algumas zonas e oferece um pouco mais "rapidez" e segurança. Entre a parte desactivada Oliveira e Sernada reza a lenda que há um serviço de taxis. 

Há muito pouco material da CP para esta linha, ao contrário de Espanha e Suiça que têm comboios, alguns deles até eléctricos. Actualmente operam as automotoras 9630 no serviço regional e duas locomotivas, uma delas a vapor no serviço turístico "Comboio Histórico do Vouga"
é impossível não nos apaixonarmos por este comboio único. Podes abrir a janela e ir de cabelo ao vento a apreciar a paisagem (cuidado com os ramos das árvores!) Tenho muitos videos mas não vou dar spoiler, vai lá assim que possas.
apesar de toda a onda crítica em torno da linha, este comboio ofereceu conforto, com estofos em bom estado, iluminação e ar condicionado. Pelo menos neste dia correu tudo bem. Mas também reparei que esta automotora parece ter sido renovada recentemente ao contrário da outra que encontrei mais à frente
cruzamento de automotoras em Águeda. Ao contrário de Águeda, todos os apeadeiros da linha parecem paragens de autocarro. E ainda há muitas passagens de nível com guarda. Também já sei que na parte norte da linha, até Espinho a automotora tem de parar para o guarda de bordo ir baixar a cancela!
Em linha com a restante frota CP há um diagrama do serviço, incluindo o lendário taxi que liga as duas partes separadas.
Compartimento para bagagem, perfeito para dobráveis 16" ou 20". Inicialmente tínhamos planeado trazer as nossas para fazermos a Ecopista do Vouga a seguir a Sernada, mas como queríamos ir ao Museu Ferroviário com calma deixamos para o dia seguinte. 
Por falar em bicicletas, dobráveis são bagagem de mão, por isso sem problema, mas bicicletas grandes atenção às restrições de horário neste serviço. Neste por exemplo só é permitido aos fins de semana. 
Macinhata do Vouga é a penúltima paragem e onde fica o Museu
A zona envolvente é muito agradável, cheia de árvores óptima para sentar uns minutos a descansar da viagem que ainda é 1h e comer qualquer coisa antes de entrar. 

O Museu Ferroviário do Vale do Vouga faz parte do Museu Ferroviário com sede no Entroncamento. Este por motivos óbvios, é exclusivo para via métrica. Praticamente tudo o que existe da CP em via métrica está aqui
também não vou descarregar o rolo da máquina, é injusto para o Museu que precisa de visitas. Fica com a foto da primeira locomotiva, da carruagem correio e do quadriciclo que eu adorava experimentar
Há também muitos painéis com informação relativa, histórias de vida e merchandising. Trouxe uma colecção de 18 postais exclusivos via estreita por 5€ e dois ímanes do vouguinha (automotora anterior à actual)

A viagem a partir de Aveiro custa 6.30 ida e volta  e apenas 2€ para o museu que mesmo assim pode ser gratuito se te inscreveres como sócio - fmnf.pt/museu_cartao_membro
Também está incluído no programa do Comboio Histórico do Vouga

Como já disse atrás planeamos a Ecopista do Vouga para o dia seguinte mas adianto já a passagem por Sernada do Vouga no dia seguinte para fechar este post. É aqui que a linha se divide para norte (Espinho) e para Leste (Viseu) 
Na foto uma automotora renovada e uma não renovada


É também em Sernada que se faz a manutenção delas 
mosaicos  lindíssimos com imagem da estação

outra particularidade da linha é a partilha com a rodovia em alguns pontos como se fosse um eléctrico
antes que comeces com tretas, parei e liguei os piscas ^_^

Importa dizer que esta linha está incluída no plano ferroviário nacional e até 2030 vai haver investimento considerável para melhores condições na linha, assim como novas automotoras e reforço na aposta turística. 

No próximo post conto como foi a pedalada de Sernada para a frente 


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